segunda-feira, julho 17, 2006

Tribos urbanas

por Daniela Magro e Patrícia Magalhães

Falar em tribos nem sempre pode ser uma tarefa bem sucedida, pois muita gente rejeita o termo. Tribo, estilo, turma, galera... no fim das contas as pessoas acabam sim formando grupos, segundo os seus gostos musicais, culturais, sexuais, pelo esporte que praticam, pela balada que frequentam ou simplesmente pelo modo de vestir. Está até no dicionário: Tribo. [Do latin Tribu]. Pequeno agrupamento social de características próprias. Assim, fica fácil identificar o povo do Jiu Jitsu, do Pagode, Patricinhas, do Rock, GLS, Sertanejos, Surfistas, do Forró, Black, Eletrônico, Fashion, Mudernos e por aí vai.

Claro que é importante se destacar dentro do grupo, ser autêntico e levar adiante seus princípios pessoais, mas o que há de mal em conviver com um grupo que aceita e compartilha do seus gostos? É uma adequação perfeita em um mundo onde já temos que abrir mão de muita coisa para sobreviver. Quem não tem um amigo que trabalha o dia todo de terno no escritório e depois do expediente esquece todas as convenções sociais e vai pirar de uma ou outra maneira? Não adianta protestar ou vir com o discurso de que chamar de tribo é rotular. É apenas uma escolha que as pessoas fazem... e não há nada de mal nisso.

Com o tempo, as tribos vão se dividindo e formando subgrupos com interesses bem distintos. Assim foi com o Rock'n'Roll, que hoje em dia vai do Folk ao metal melódico, passando pelo punk e pela surf music. Ninguém pode dizer que eles são da mesma tribo. Igualzinho o que vem acontecendo com a música eletrônica. Quando ela aportou forte no Brasil, bem no comecinho da década de 90, todo mundo ia para um mesmo agito curtir do house ao techno. Hoje em dia há psy trance, tech house, hard techno, drum`n`bass, breakbeats e mais uma porrada de subdivisões, cada uma delas com a sua legião de fãs. Isso não significa que os estilos não se misturem. É como disse o 'Bad Boy' Thiago Zanello: "Quem pratica jiu jitsu e gosta de pegar ondas não vai deixar de se misturar com os surfistas".

O visual é elemento importante para a indentificação do grupo. Por mais que todos falem que cada um usa o que quer, existe uma identidade que ajuda a simpatizar na hora do contato. Será que existe preconceito por visuais fora do padrão? "As pessoas têm preconceito com estereótipo. Sempre que eu vejo um cara muito estereotipado eu acho meio ridículo, over", conta Rodrigo Rodrigues, um adepto do Classic Rock. Rivalidade também não está na lista da galera que entende o espírito da coisa. Nathalia - eletrônica - conta: "Não tenho nada contra nenhuma tribo, acho que tem gente ruim e gente boa em todo lugar". Renatinho -GLS - completa o coro. "Sendo do bem, que mal tem?!".

É interessante notar que até alguns valores mudam de tribo pra tribo. É normal usar algum tipo de, digamos, elemento alterador das faculdades mentais para tribos como os eletrônicos ou os adeptos do reggae, o que para a 'geração saúde' pode parecer absurdo, impensável. Cada um tem o seu barato e, não ultrapassando o espaço que lhes foi dado, que cada tribo viva em harmonia!

E quando as amizade se misturam e fica cada um adepto de um estilo, como rola a balada? O reggaeiro Igor dá a resposta: "Tenho amigos clubbers, punks e a gente costuma ir em botecos, que é um lugar neutro". Ahhh, então tá. Sem dúvidas, amigos que conhecem e curtem diferentes estilos têm muito a acrescentar aos seus companheiros de diferentes tribos. É uma boa sair do seu mundinho de vez em quando para aprender coisas novas e até para não ficar olhando as mesmas caras o tempo todo.