terça-feira, agosto 15, 2006

Linguagens da Arte

Linguagens da Arte: Uma Abordagem a uma Teoria dos Símbolos - Nelson Goodman

Esta obra, originalmente publicada em 1968, tornou-se rapidamente um "clássico moderno" da estética filosófica, motivando inclusive o desenvolvimento exponencial que a disciplina tem conhecido desde então. Sem abandonar os seus pressupostos a-realistas e nominalistas, Nelson Goodman, aborda de forma profunda e estimulante vários problemas centrais da filosofia da arte: o problema da natureza da representação pictórica realista (recusando a teoria da arte como imitação ou mimesis), o problema mais geral da representação artística, o problema da autenticidade na arte e o papel cognitivo das artes. Abordando não apenas a pintura, a literatura e a música, mas também a dança e a arquitetura, Goodman apresenta uma perspectiva polemica das artes, que urge discutir criticamente.

"A diferença entre arte e ciência não é a que existe entre sentimento e fato, intuição e inferência, deleite e deliberação, síntese e análise, sensação e cerebração, concreção e abstração, paixão e ação, mediação e imediação ou verdade e beleza, mas antes uma diferença de dominância de certas características específicas de símbolos." Nelson Goodman

Nelson Goodman (1906–1998) foi um dos mais importantes filósofos americanos do séc. XX. Conhecido, sobretudo pelo seu trabalho relativo ao problema da indução (Facto, Ficção e Previsão, 1954), abordou também temas da metafísica (Modos de Fazer Mundos, 1978) e da filosofia da arte. Partindo do positivismo lógico, Goodman aceita algumas das idéias centrais deste movimento, como o nominalismo (a crença de que não há universais, como a brancura), rejeita ainda outras (como a suposta superioridade da ciência na tarefa de conhecer o mundo) e abraça algumas das conseqüências mais polemica desse movimento (o extremo anti-realismo, que declara ser tudo uma construção lingüística).

terça-feira, julho 18, 2006

Hobbes - O Leviatã

A filosofia de Thomas Hobbes é materialista e mecanicista. Assim como a percepção é explicada mecanicamente a partir das excitações transmitidas pelo cérebro, da mesma forma a moral se reduz ao interesse e à paixão. Na fonte de todos os nossos valores, há o que Hobbes denomina o instinto de conservação ou, mais exatamente, de afirmação e de crescimento de si próprio; esforço próprio a todos os seres para unir-se ao que lhes agrada e fugir do que lhes desagrada. Manter a vida. Fugir da morte.

Não pensemos que mesmo os homens mais robustos desfrutem tranqüilamente as vitórias que sua força lhe assegura. Aquele que possui grande força muscular não está ao abrigo da astúcia do mais fraco. Este último - por maquinação secreta ou a partir de hábeis alianças - sempre é o suficientemente forte para vencer o mais forte. Desta maneira, ao invés de uma desigualdade, é uma espécie de igualdade dos homens no estado natural (todos contra todos) que faz sua infelicidade. Pois, em definitivo, ninguém está protegido; o estado natural é, para todos, um estado de insegurança e de angústia.

Os homens, portanto, vão se encarregar de estabelecer a paz e a segurança. Só haverá paz concretizável se cada um renunciar ao direito absoluto que tem sobre todas as coisas. Isto só será possível se cada um abdicar de seus direitos absolutos em favor de um soberano que, ao herdar os direitos de todos, terá um poder absoluto. Não existe aí a intervenção de uma exigência moral. Simplesmente o medo é maior do que a vaidade e os homens concordam em transmitir todos os seus poderes a um soberano.

No estado de sociedade, como no de natureza, a força é a única medida do direito. No estado social, o monopólio da força pertence ao soberano. Houve, da parte de cada indivíduo, uma atemorizada renúncia do seu próprio poder. O efeito comum do poder consistirá, para todos, na segurança, uma vez que o soberano terá, de fato, o maior interesse em fazer reinar a ordem se quiser permanecer no poder.

Hobbes chama de Leviatã ao seu estado totalitário em lembrança de uma passagem da Bíblia (Jó XLI) em que tal palavra designa um animal monstruoso, cruel e invencível que é o rei dos orgulhosos.

As principais correntes teóricas e as possibilidades de análise científica dos problemas sociais

1. TEORIZAÇÃO FUNCIONAL
- Percebe o universo social como um sistema de partes interligadas (Turner e Maryanski, 1979)
- As partes são analisadas em termos de suas conseqüências, ou funções para o sistema maior;
- Uma parte é examinada com respeito a como se preenche uma necessidade ou requisito do todo
- As teorias funcionalistas nos levam a ver o universo social, ou qualquer parte dele, como um todo sistêmico cujos elementos constitutivos funcionam em conjunto; ou seja, o funcionamento de cada elemento tem conseqüências sobre o funcionamento do todo

Problema: as teorias funcionalistas freqüentemente vêem as sociedades como demasiadamente bem integradas e organizadas.

2. TEORIAS DO CONFLITO
Expoentes: Karl Marx e Max Weber
- Percebem o mundo social segundo suas contradições
- Percebem os fatos sociais cheios de tensão e contradições (Collins , 1975)
- A desigualdade é a força que move o conflito
- O conflito é a dinâmica central das relações humanas
- As contradições se manifestam em formas distintas de conflito
- O conflito é uma contingência básica da vida social

3. TEORIAS INTERACIONISTAS
- Os homens interagem emitindo símbolos – palavras, expressões faciais, corporais ou qualquer sinal que “signifique” algo para os outros e para si mesmos (Goffman)
- Através de gestos simbólicos demonstramos nosso estado de espírito, intenções e sentido de ação; e contrariamente, pela leitura dos gestos dos outros, obtemos um sentido do que eles pensam e como eles de comportarão
- A vida social está mediada por símbolos e gestos ;
- Usamos esses gestos para nos entendermos uns com os outros, para criarmos imagens de nós mesmos e das situações e construirmos uma idéia de situações futuras ou desejadas
- Para os interacionistas, a explicação da realidade social deve emanar da investigação meticulosa do micromundo dos indivíduos que mutuamente interpretam os gestos , que constróem as imagens de si próprios e definem a situações segundo certos princípios
- As macro ou grandes estruturas da sociedade – o Estado, a economia, a estratificação e similares – são construídos e sustentados por microinterações
- Para os interacionistas seria impossível entender o mundo social sem investigar esses encontros no micronível

4. TEORIAS UTILITARISTAS
- Percebem os homens como racionais até o ponto em que eles têm objetivos e finalidades;
- Calculam os custos das várias alternativas para atingir esses objetivos e escolher a alternativa que maximize seus benefícios (ou o que os economistas chamam de utilidade e minimizar seus custos
- Para os teóricos utilitaristas , todas as relações sociais são, em última análise, trocas entre atores que incluem custos a fim de obter benefícios uns dos outros , ou seja, que calculam a relação custo – benefício
- A interação, a sociedade e a cultura são criadas e sustentadas porque elas oferecem bons resultados para indivíduos racionais.

Esses resultados raramente são monetários; em geral , eles são “posses” menos tangíveis – sentimentos pessoais, afeição orgulho , estima, poder , controle e outras moedas “suaves” que estruturam a sociedade.

Sociologia

Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas.Todos nós somos sociólogos porque estamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas experiências inter-pessoais em situações organizadas. O objetivo da sociologia é tornar essas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisa, à medida que suas percepções vão além de nossas experiências pessoais.A sociologia estuda todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade; ela explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergência, conflitos, migrações e movimentos sociais, que fluem através da ordem estabelecida socialmente; e busca entender as transformações que esses processos provocam na cultura e estrutura social.Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando transformações dramáticas, a sociologia torna-se especialmente importante (Nisbet, 1969). Como a velha maneira de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas e, como conseqüência, as pessoas buscam respostas para o fato de as rotinas e fórmulas do passado não funcionarem mais. O mundo hoje está passando por uma transformação dramática: o aumento de conflitos étnicos, o desvio de empregos para países com mão-de-obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade econômica e do comércio, a dificuldade de serviços de financiamento do governo, a mudança no mercado de trabalho, a propagação de uma doença mortal (AIDS), o aumento da fome nas superpopulações, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição dos papéis sociais dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. Enquanto a vida social e as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção sociológica não é completamente necessária. Mas, quando a estrutura básica da sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento sociológico.

Utilitarismo

O Utilitarismo é um tipo de ética normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século XVIII e XIX. Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação mas também a de todos afetados por ela. O Utilitarismo rejeita o egoísmo, opondo-se a que o indivíduo deva perseguir seus próprios interesses, mesmo às custas dos outros, e se opõe também a qualquer teoria ética que considere ações ou tipos de atos como certos ou errados independentemente das conseqüências que eles possam ter. O Utilitarismo assim difere radicalmente das teorias éticas que fazem o caráter de bom ou mal de uma ação depender do motivo do agente porque, de acordo com o Utilitarismo, é possível que uma coisa boa venha a resultar de uma motivação ruim no indivíduo.

segunda-feira, julho 17, 2006

Mito da Caverna

No livro VII da República, Platão narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento e da paidéia platônicas.

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do Sol.

Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, e no primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta á caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonaram a caverna.

A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as idéias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível.

O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para produzir a “faísca” do conhecimento verdadeiro pela “fricção” dos modos de conhecimento. Conhecer é um ato de libertação e de iluminação.

Tribos urbanas

por Daniela Magro e Patrícia Magalhães

Falar em tribos nem sempre pode ser uma tarefa bem sucedida, pois muita gente rejeita o termo. Tribo, estilo, turma, galera... no fim das contas as pessoas acabam sim formando grupos, segundo os seus gostos musicais, culturais, sexuais, pelo esporte que praticam, pela balada que frequentam ou simplesmente pelo modo de vestir. Está até no dicionário: Tribo. [Do latin Tribu]. Pequeno agrupamento social de características próprias. Assim, fica fácil identificar o povo do Jiu Jitsu, do Pagode, Patricinhas, do Rock, GLS, Sertanejos, Surfistas, do Forró, Black, Eletrônico, Fashion, Mudernos e por aí vai.

Claro que é importante se destacar dentro do grupo, ser autêntico e levar adiante seus princípios pessoais, mas o que há de mal em conviver com um grupo que aceita e compartilha do seus gostos? É uma adequação perfeita em um mundo onde já temos que abrir mão de muita coisa para sobreviver. Quem não tem um amigo que trabalha o dia todo de terno no escritório e depois do expediente esquece todas as convenções sociais e vai pirar de uma ou outra maneira? Não adianta protestar ou vir com o discurso de que chamar de tribo é rotular. É apenas uma escolha que as pessoas fazem... e não há nada de mal nisso.

Com o tempo, as tribos vão se dividindo e formando subgrupos com interesses bem distintos. Assim foi com o Rock'n'Roll, que hoje em dia vai do Folk ao metal melódico, passando pelo punk e pela surf music. Ninguém pode dizer que eles são da mesma tribo. Igualzinho o que vem acontecendo com a música eletrônica. Quando ela aportou forte no Brasil, bem no comecinho da década de 90, todo mundo ia para um mesmo agito curtir do house ao techno. Hoje em dia há psy trance, tech house, hard techno, drum`n`bass, breakbeats e mais uma porrada de subdivisões, cada uma delas com a sua legião de fãs. Isso não significa que os estilos não se misturem. É como disse o 'Bad Boy' Thiago Zanello: "Quem pratica jiu jitsu e gosta de pegar ondas não vai deixar de se misturar com os surfistas".

O visual é elemento importante para a indentificação do grupo. Por mais que todos falem que cada um usa o que quer, existe uma identidade que ajuda a simpatizar na hora do contato. Será que existe preconceito por visuais fora do padrão? "As pessoas têm preconceito com estereótipo. Sempre que eu vejo um cara muito estereotipado eu acho meio ridículo, over", conta Rodrigo Rodrigues, um adepto do Classic Rock. Rivalidade também não está na lista da galera que entende o espírito da coisa. Nathalia - eletrônica - conta: "Não tenho nada contra nenhuma tribo, acho que tem gente ruim e gente boa em todo lugar". Renatinho -GLS - completa o coro. "Sendo do bem, que mal tem?!".

É interessante notar que até alguns valores mudam de tribo pra tribo. É normal usar algum tipo de, digamos, elemento alterador das faculdades mentais para tribos como os eletrônicos ou os adeptos do reggae, o que para a 'geração saúde' pode parecer absurdo, impensável. Cada um tem o seu barato e, não ultrapassando o espaço que lhes foi dado, que cada tribo viva em harmonia!

E quando as amizade se misturam e fica cada um adepto de um estilo, como rola a balada? O reggaeiro Igor dá a resposta: "Tenho amigos clubbers, punks e a gente costuma ir em botecos, que é um lugar neutro". Ahhh, então tá. Sem dúvidas, amigos que conhecem e curtem diferentes estilos têm muito a acrescentar aos seus companheiros de diferentes tribos. É uma boa sair do seu mundinho de vez em quando para aprender coisas novas e até para não ficar olhando as mesmas caras o tempo todo.